quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Política: PMDB em ousado voo solo

Líderes do PMDB da região sul definem nome do governador do estado do Paraná, Roberto Requião, como possível candidato do partido à presidência da República


Paula Mattäus



O PMDB, partido que mais elegeu prefeitos nas eleições de 2008, tem aproximadamente 1/5 de parlamentares nas cadeiras da Câmara e a presidência das duas Casas legislativas (Câmara e Senado Federal). A agremiação teria motivos em evidência para não se expor, a menos que fosse ao encontro dos planos do atual governo. Porém, a legenda não espera mais estar em segundo plano. Em convenção na cidade de Curitiba, parlamentares do partido tomaram ciência do plano de voo pretendido pelo diretório regional. Com ou sem a aprovação de um PMDB dividido, alguns dos filiados da agremiação decidiram que é hora de comandar, ao lançar Roberto Requião como possível candidato à presidência da República.

O diretório regional do PMDB reuniu-se dia 21 de novembro em convenção realizada em Curitiba, Paraná. Na reunião, de forma unânime, a legenda decidiu pelo nome do governador do estado à uma possível disputa como um dos concorrentes ao mais alto posto do executivo. Porem, o acordo geral parece não ter ultrapassado as fronteiras da região sul do país. No centro – oeste, uma das questões na pauta da agremiação é saber quem, assim como o senador Pedro Simon, cederá espaço a quem.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) prefere apoiar o nome de Roberto Requião por considerar o atual governador do estado do Paraná um importante candidato. Simon, apontado por ser um dos nomes fortes da legenda na candidatura à presidência da República, questionado quanto a não escolha de uma campanha pessoal demonstra ter optado pela auto - preservação. “O problema é que, as minhas posições em crítica a cúpula partidária na tribuna do Senado em cobrança aos erros, os equívocos e até mesmo pela corrupção por parte de alguns membros do partido tem sido muito duras. Se eu me lançar (candidato), eles (a cúpula) abrem uma guerra contra mim. Tenho de ter o bom senso para ajudar ao partido”, diz.

A frente parlamentar pró-Requião cria uma situação constrangedora para Michel Temer (PMDB-SP). O parlamentar terá de se definir quanto a postura a ser adotada por ele frente ao partido, fato o qual poderá trazer transtornos para o presidente da Câmara em relação ao governo do Partido dos Trabalhadores (PT). “Ou ele (Michel Temer, presidente da Câmara dos Deputados, PMDB-SP) aceita ser presidente ou ele (Temer) aceita a candidatura de Requião”, afirma Eduardo Moreira, presidente do diretório do PMDB-SC.

Para o senador Álvaro Dias (PMDB-PR) uma candidatura própria, da agremiação, é o eterno dilema do PMDB. “Tivemos o Ulysses Guimarães como candidato. Depois, o Orestes Quércia e a partir de então, o partido não usou a sua força. O PMDB tem história, um enorme patrimônio eleitoral, é realmente o maior partido do país. Uma candidatura própria do PMDB é normal. O que se espera é que o partido assuma a responsabilidade de dar uma alternativa de poder ao país”. Entretanto, Dias observa que, para o alcance dos objetivos, a legenda terá de escapar das atuais regras impostas pelo fisiologismo. “Eu acho que, no quadro atual, a ousadia tem vez”, considera.