segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Política: “Política da Jurema”

Paula Mattäus


Outro dia, ao procurar por alguma programação interessante por alguns canais, uma dessas celebridades que insistem em aparecer dando entrevistas me chamou a atenção. O que mais me surpreendeu não foram os míseros 60 centímetros de pano os quais lhe envolviam o corpo. Não, (aquilo realmente não era um traje). O que me fez ouvi-la foi o fato da famosa em questão declarar que “gostaria de ver a volta da época do funk de raiz”.

Não contive o riso por um bom tempo. Ignoro certas coisas do gênero. Sei que há o samba de raiz. Por falarmos em samba, estamos em pleno carnaval, (a não ser na Bahia, estado da Federação onde a festa é comemorada desde o inebriar do último cheiro de pólvora dos fogos da passagem de ano). Nunca havia ouvido falar em um funk desse tipo, a não ser que um mestre de Cerimônias tenha feito alguma composição, dessas que ouvimos por aí, nas ruas, “cheias de lirismo e poesia”, com o objetivo de homenagear algum verdureiro.

Sinceramente, agradeço a cidadã que prestou este esclarecimento, (o qual eu não tinha) por ter, além de ensinado um pouco da história do gênero musical, ter me feito refletir sobre o nosso parlamento. Assim como o funk, há uma política de raiz?

Em política, principalmente, na nacional, três vezes quatro pode ser 12. Quem sabe, 13. Amanhã, 15. Se a bancada decidir, o líder diz que é 45. Ou não.

Admiro as tradições e as crenças de todos os povos. Recordei-me que é comum entre as comunidades indígenas o uso de ervas curtidas em bebida quando da ocasião de rituais para a evocação de seus respectivos deuses, entidades do bem, os protetores das tribos.

Os índios mascam folhas de coca, (hábito comum nos países andinos) ingerem a bebida e, em questão de minutos, o que se pode ser observada é gente falando palavras desconexas. Alguns cantam, outros dançam. No final, todos os praticantes se compreendem.

Ritual comum no nordeste brasileiro, mais precisamente no sertão, é a “Farra da Jurema”. Os sertanejos colhem a erva, (a qual, na região, é encontrada com facilidade) fazem um chá ou deixam curtir em bebida alcoólica. Eles tomam algumas doses com a finalidade de “receberem” o espírito da “Cabocla Jurema”. Então, a cena se repete. Os devotos cantam, dançam, falam coisas sem sentido, caem no chão. Chegam a auto – flagelação. O engraçado é que, naquela localidade, também, todos se entendem.

Levando em consideração que de forma lúcida, não consigo entender a política desse país e, principalmente, os políticos eleitos por essa nação (e, é claro, por mim) fico imaginando que, se de repente fosse promovida uma cerimônia similar, no Congresso Nacional, na qual todos pudessem levar algo para curtir, (coisa boa... Tem que ser com estilo. Não levaríamos “bagulho”!) a gente poderia se sentar na rampa, ficar olhando para aquele céu...

No final, quem sabe, talvez, poderíamos ter a solução para os problemas do Brasil.