segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Política: continuem tendo fé

Eleições misturam democracia com baixaria
Paula Mattäus

Quando o assunto é eleição, pode não se saber quem é quem. O que se sabe é o que todos querem: ganhá – la.
Mesmo que isso se dê às custas de toda a sorte, se isso for sorte, de golpes. A baixaria que se instaura, acaba por revelar que se o eleitor se utilizar da falta de responsabilidade moral como requisito para não votar, acabará, com algumas exceções, por não votar em ninguém.

Ontem, na cidade do Rio de Janeiro, foram distribuídos aos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, de autoria da vereadora Lilian Sá – (PR), folhetos acusando o deputado Fernando Gabeira – (PV), de ter projetos de lei que cancelam o crime de exploração sexual infantil e o crime de tráfico de mulheres com a finalidade de exploração.

Os folhetos estavam sendo distribuídos na entrada de um dos principais templos da Igreja Universal, com a capacidade para receber 12 mil pessoas. Militantes agitavam bandeiras do PMDB em frente ao templo, o que dá para perceber que é totalmente descartada a possibilidade de política e religião não se misturarem. Em volta da mesa, um prato indigesto, porém, que não deixa de ser servido.

Para Gabeira, o texto dos folhetos distorce seu projeto de legalização da prostituição, apresentado em 2003, e o da revogação dos artigos 217 e 218 do Código Penal, sobre sedução e corrupção de menores. O que o candidato gostaria e propôs, foi a revogação dos artigos 217 e 128 do referente código que tratavam da prostituição. Porém, o projeto original, mantinha o artigo 230, que justifica como ato criminoso tirar proveito da prostituição alheia, tendo participação em seus lucros.

O que deseja o opositor de Fernando Gabeira, que diz desconhecer a origem e o texto dos panfletos, é em véspera de eleição, retirar algum possível apoio de eleitores da ala evangélica, o que se justifica, afinal, o senador Marcelo Crivella – (PRB), teve consideráveis 19,03% dos votos válidos. O que não se justificaria seria o possível desespero do PMDB, já que, Crivella, após perda em primeiro turno, declarou apoio a Paes.

Seria bom que as coisas, pelo menos na reta final das campanhas, tomassem um rumo mais transparente, menos pejorativo, o que demonstra pouca fé por parte dos candidatos e marqueteiros nos institutos de pesquisa de opinião, já que, em primeiro turno “erraram” ao divulgarem uma diferença de quase 10 pontos percentuais entre Marcelo Crivella e Fernando Gabeira, por isso, apelam para o que podem.

Marqueteiros, suas empresas, máquinas da bestialidade, estão longe de saber se estão a atacar a honra, a moral de alguém. O que importa é atacar. Segundo Luiz Márcio Pereira, juiz eleitoral, a publicação pode configurar crime eleitoral contra a honra de Gabeira. Também disse que o tribunal estaria, desde ontem, a apurar o ocorrido.

Em São Paulo, o clima só tende a esquentar. No debate realizado pela Rede Record de Televisão, neste domingo, a troca de acusações e o clima de “voltamos ao jardim de infância” imperou. No terceiro bloco do debate, a ex – ministra do Turismo Marta Suplicy – (PT) acusou o prefeito Gilberto Kassab – (DEM) de “maquiar” os dados de sua gestão como prefeita. Gilberto Kassab, por sua vez, além de comparar sua administração com a de Marta, deixou claro que não se sentia constrangido de receber o apoio de quem se sentia traído no primeiro turno. “O Geraldo Alckmin se posicionou: ele acha a minha candidatura melhor pra São Paulo”. Disse Kassab.

Com certeza, não há a intenção de demostrar ao eleitor que o candidato,(a), está preparado, (a), para assumir a responsabilidade de ganhar um cargo importante do executivo, seja no estado, ou na cidade. O que se pode ver é um testando poder de fogo contra o outro. Se utilizam da democracia para justificarem atos de insanidade, às custas de acusarem, os que tiverem um pouco de bom senso, de censura, caso vetem suas proposições.