segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Política: Senhor, me dá uma ajuda!




Em época de eleição, fé costuma a falhar

Paula Mattäus

Muita paciência será necessária nestes quinze dias que antecedem o segundo turno das eleições para prefeito, em 11 capitais do país. Se contar por debate, ou programa eleitoral, a lavagem de roupa suja é uma certeza garantida, apesar de que uns e outros digam hoje, em propaganda, que irão apresentar suas propostas “ sem falar mal de ninguém, sem entrar em conflito”. Agora sim, tenha fé, caro leitor: de hoje em diante, o senhor, a senhora que está a ler este, verá que até “Deus” será apedrejado em troca da tua boa fé, e é claro: do teu voto.

Falta de fé por parte do eleitorado e algumas igrejas não tem ajudado aos seus respectivos candidatos. Vejam por exemplo, no primeiro turno das eleições, o caso das candidaturas da Bahia e do Rio de Janeiro. Em ambos, não há coincidências, e sim, a visão clara do destino daqueles que vão contra as políticas do “Deus do Planalto”. Fica então a seguinte pergunta: se os eleitores não elegeram nestes dois estados, os filhos de Deus, irão, agora, eleger os filhos de quem?

Na Bahia, ACM Neto – (DEM), ficou fora de um segundo turno, com 26,68% dos votos válidos. João Henrique Carneiro – (PMDB), que se candidatou à reeleição, obteve 30,97% dos votos válidos e Walter Pinheiro – (PT), em segundo lugar, com 30,06% dos votos. O que foi uma surpresa para ambos, já que tanto Carneiro quanto Pinheiro, de partidos da base governista na Bahia, esperavam usar um grande arsenal para testar a resistência do poder do carlismo naquele estado. ACM Neto, no ínicio da campanha, assumiu a liderança nas pesquisas de intenção de voto durante boa parte do primeiro turno. Nem mesmo a reza forte do vice da sua chapa, o deputado federal Márcio Marinho - (PR) deu certo.

No Rio de Janeiro, uma história bem parecida. O senador Marcelo Crivella – (PRB), que no início da campanha, contava com 27,6% das intenções de voto, onde Eduardo Paes – (PMDB), tinha apenas 9%, ou seja, um dígito, isso em pesquisa realizada em 03 de julho. Não ficou, também, nem mesmo para o segundo turno. Crivella, teve apenas 19,03% dos votos válidos, sendo ultrapassado pelo deputado Fernando Gabeira – (PV), com 25,61% dos votos válidos. Quem ficou em primeiro lugar, foi o candidato de um digito, Eduardo Paes – (PMDB), com 31,28% dos votos válidos. Será que a reza forte de Crivella também não ajudou?

E o que teriam Márcio Marinho e Marcelo Crivella em comum? Entre outras coisas, ambos são bispos da Igreja Universal do Reino de Deus. O líder da igreja, senhor bispo Edir Macêdo Bezerra, (que é tio de Crivella), lançou um livro chamado “Plano de Poder”, nesta publicação, o bispo prega que “Deus” teria um plano político para os fiéis de sua igreja e para os evangélicos que fossem seus aliados. Macêdo faz uma alusão, seguindo o “ projeto de nação” que Deus teria sonhado para os hebreus, a quem ele chama por cristãos.

A única dúvida, agora, é saber se esse “Deus” seria o nosso “ Deus”, o presidente Luís Inácio Lula da Silva. Onipresente e onipotente, ele sempre dá um jeito de aparecer, se não for em um palanque, isso para não provocar rusgas entre os aliados, a quem ele também chama de cristãos – antes, eram companheiros – aparecerá também no programa eleitoral gratuito, logo mais, mesmo que tenha sua imagem usada em vão, só para não dizerem que ele não está a apoiar o cristão A ou B...

Se por um lado, os “ Demos”, - é assim como Lula chama os Democratas - querem o atacar, e se um não teve êxito: atacando Lula, ACM Neto parou de crescer. E o inevitável, Carneiro e Pinheiro se aproveitaram da situação, a citar em suas respectivas campanhas, a “surra” que Neto prometera ao presidente... Por outro, a ordem dos fatores pode alterar o resultado do segundo turno, dia 26 de outubro. Basta – se saber se acontecerá, em São Paulo, o mesmo que mudou as eleições na Bahia e no Rio de Janeiro.

Será que só orando vai dar para melhorar? Em se tratando de qualquer calgo, para Lula, no estado, ou na cidade de São Paulo, em época de eleições, a fé costuma a falhar...