segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Política: eleições 2008




Muitos erros escondem algumas surpresas

Paula Mattäus

As eleições municipais de 2008, acontecidas neste domingo, 05 de outubro, revelaram mais que erros de institutos de pesquisa. Mostraram que o povo brasileiro está cada vez mais consciente, ao exercer o seu direito, neste caso, o de votar. A mão de benção e a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, parece não ter persuadido, pelo menos, as principais capitais, colégios aos quais o governo necessita de prestígio. Um mau acordo em Minas Gerais, trapalhadas no Rio de Janeiro, traições em São Paulo e desunião no Rio Grande do Sul, poderão deixar caras as alianças que, a partir de agora, se farão mais que necessárias.

Das 26 capitais onde aconteceram as eleições, 15 delas, decidiram em primeiro turno quem serão seus novos prefeitos. Seis delas, estarão sobre o comando do PT – Partido dos Trabalhadores. Esse é o caso de Palmas – (TO), onde Raul Filho - (PT), venceu, com 44,52% dos votos válidos. Em Rio Branco – (AC), com 50,82% dos votos válidos, venceu Raimundo Angelim - (PT), - vale lembrar que este foi reeleito – Em Recife – (PE), com 51,54%, também venceu João da Costa - (PT). Em Vitória – (ES), a vitória, com 65,03% dos votos válidos, é de João Coser - (PT), também reeleito. O PT teve expressiva votação na região nordeste, o que já era esperado.

Em São Paulo – (SP) e em Belo Horizonte – (MG), só o PSDB se deu bem com as apostas. O apoiado por José Serra, Gilberto Kassab – (DEM), teve 33,61% dos votos, o que deixou bem claro não adiantar muito a influência do presidente Lula, sobre a campanha da ex – ministra do Turismo Marta Suplicy – (PT), que teve 32,79% dos votos válidos, concentrando mais eleitores na periferia, onde desenvolveu trabalhos bem lembrados. Marta diz que o “tendão de aquiles” no segundo turno, será o passado de Kassab. A relação dele com o ex – prefeito Celso Pitta.

O que mais impressiona é a auto – confiança do presidente Lula, ao dizer a candidata: “vamos ganhar essa eleição”. A alta popularidade, o fez por um minuto, talvez, esquecer que, nas duas eleições para presidente, ele não ganhou em nenhum dos dois turnos em São Paulo – Mas já que é Lula quem pede, pensa que o povo deverá atender - Geraldo Alckmin, ficou em terceiro lugar, com 22,47% dos votos válidos e se diz fiel ao partido, quando o assunto é segundo turno. Paulo Maluf, aparece em quarto lugar, com 5,92% dos votos válidos.

Na Câmara Municipal paulista, o PT vence com 16 vereadores. O DEM está em segundo, com 14 vereadores e PSDB e PHS, ocuparão 13 vagas.

Em Belo Horizonte – (MG), tudo que tinha para dar errado, deu. Uma possível aliança do PT com o PSDB. Quem se saiu bem desta, foi Aécio Neves – (PSDB). O eleitor mineiro achou que apoiar a aliança seria muita promiscuidade... Perguntam, agora, que “postes” o “ídolo” irá eleger. Minas terá segundo turno. Márcio Lacerda – (PSB), enfrentará Leonardo Quintão – (PMDB). A guerra só está começando.

Em uma das eleições mais emocionantes do país, Salvador – (BA), protagoniza um quadro de erros por parte dos institutos de pesquisa e revelações: o nome ACM parece não demonstrar mais tanto carisma. ACM Neto, ficou para trás, em terceiro lugar, na disputa em que estão o apoiado do ministro da Integração Geddel Vieira Lima, João Henrique – (PMDB), com 30,96% dos votos válidos, e Walter Pinheiro – (PT), apoiado pelo governador Jacques Wagner, com 30,06% dos votos válidos. A margem de erro entre as pesquisas e os dados oficiais é de quase dez pontos percentuais.

Mas não foi só na Bahia que “surpresas” deste tipo aconteceram. No Rio de Janeiro – (RJ), um dos candidatos, que chegou a estar em primeiro lugar nas pesquisas, não ficou nem para o segundo turno. O senador Marcelo Crivella – (PRB), teve apenas 19,03% dos votos válidos, sendo superado pelo deputado Fernando Gabeira – (PV), o “candidato da zona sul”, que surpreendeu. Teve, além do apoio do prefeito César Maia, 25,61% dos votos válidos. Em primeiro lugar, Eduardo Paes – (PMDB), com 31,28% dos votos válidos.

Uma boa trapalhada, já que, a união entre as esquerdas pela definição de um nome, poderia ter dado certo, assim, o governo teria um candidato, no Rio de Janeiro, vencendo em primeiro turno. Além da falta de articulação, mais dois problemas: primeiro, a declaração de não apoiar Gabeira, por ele ser “moralista” e, segundo: Eduardo Paes, um dos principais nomes no caso Mensalão, um dos homens que ajudaram a derrubar o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, receberá, agora, apoio do PT? Lula ainda terá o título de “ menino do Rio” após tudo isso? Ah... o destino...

Já em outro Rio, o Grande do Sul, em Porto Alegre, muito mais por desunião que por trapalhada, o governo não conseguiu emplacar um nome. Em terceiro lugar, Manoela D´ávila – (PC do B), teve 15,03% dos votos válidos, muito abaixo do valor que expunham as pesquisas, contra 22,73% de votos da deputada Maria do Rosário – (PT). As pesquisas apontavam a disputa de voto – a – voto entre as candidatas, o que não aconteceu. Em primeiro lugar, o prefeito José Fogaça – (PMDB), conseguiu 43,85% dos votos válidos, indo para o segundo turno, com Maria do Rosário.

Quando se fala do Rio Grande, fala – se em mudança. Lá, tudo pode acontecer. Esquerda e direita sempre estiveram bem separadas. É tradição. Se as esquerdas, também lá, tivessem se unido em prol de uma única candidatura, a essa hora, poderia se ter a vitória, em primeiro turno, de um candidato apoiado pelo governo. Agora, o que o governo não poderá desprezar, é uma aliança com o PC do B. Afinal,15,03% dos votos farão uma grande diferença. Creio que, já nesta semana, meus conterrâneos tenham se definido. Se antes, a eleição em Porto Alegre era vista como uma caixinha de surpresas, com o atual panorama, não ficará muito difícil saber o que será decidido.

Previstas e bem definidas foram as eleições em Goiânia – (GO), onde já se esperava que o ex – governador e presidente do PMDB, Íris Rezende, fosse ganhar o pleito, no primeiro turno, com 74,16%. Em Curitiba – (PR), Beto Richa – (PSDB), foi reeleito, com 77,27% dos votos válidos. Em Natal – (RN), Micarla de Souza – (PV), é a mais nova prefeita eleita, com 50,84%. Em Maceió – (AL), a expressiva votação foi para Cícero Almeida - (PP), que teve 81,49%. Em Fortaleza – (CE), Luisiane Lins - (PT), também foi eleita em primeiro turno, com grande votação. Em Teresina – (PI), Silvio Mendes – (PSDB), foi eleito também nestas mesmas condições, com 71% dos votos válidos. Em João Pessoa – (PB), Ricardo Coutinho - (PSB), foi eleito com 73,85%. Em Boa Vista - (RR), Iradilson Sampaio - (PSB) se reelegeu prefeito com 54,35% dos votos válidos. O segundo colocado foi o deputado Luciano Castro - (PR), 41,64%. Já em São Luíz - (MA), o apoiado de Roseana Sarney, Flávio Dino - (PC do B) irá para o segundo turno, com João Castelo (PSDB).

Em Cuiabá – (MT), Wilson Santos - (PSDB), vai para o segundo turno com Mauro Mendes - (PR). Em Campo Grande – (MS), foi a vez de Nelsinho Almeida – (PMDB), conquistar a preferência do eleitorado, tendo 41,71% de votos válidos. Em Florianópolis – (SC), Dário Berger – (PMDB) irá para o segundo turno, enfrentando o veterano Esperidião Amin - (PP). Em Manaus – (AM), Amazonino Mendes - (PTB), teve 46,21% da preferência dos eleitores, mas irá para o segundo turno, com Serafim Corrêa - (PSB). Em Belém – (PA), Duciomar Costa – (PC do B), irá para o segundo turno com 35,31% dos votos válidos, com José Priante - (PMDB), 18,83% de votos válidos. Em Aracaju – (SE), vence Edivaldo Nogueira - (PC do B). Em Porto Velho – (RO), Roberto Sobrinho - (PT), foi reeleito prefeito. Sobrinho foi o vencedor, com 59,51% dos votos válidos. Em Macapá - (AM), Camilo Capiberibe (PSB) e Roberto Góes (PDT), também decidirão as eleições no segundo turno.