domingo, 4 de maio de 2008

Política: mais um referendo

Estados bolivianos querem autonomia

Paula Mattäus

Impasse entre os bolivianos: departamentos pretendem pressionar o presidente Evo Morales , apesar de não quererem se separar da Bolívia, Santa Cruz, Beni, Tarija e Pando desejam que o presidente entre em um processo de negociação, o que impediria a ratificação da proposta constitucional proposta pelo Executivo. O que os bolivianos querem é mais poder para terem um governo de acordo com as necessidades e os interesses da população. Isso é o que se pede há sete anos.
Em Santa Cruz, o presidente Evo Morales voltou a atacar os partidários da autonomia regional, que ele denomina como herdeiros da oligarquia criolla. A elite mestiça, embora minoritária, é quem impõe as regras desde os tempos coloniais.
O líder cocaleiro Evo Morales, 46, teve o melhor desempenho de um candidato desde que o país retornou à democracia, em 1982. Tomou posse em janeiro de 2006.No dia 1º de maio de 2006, Morales invadiu com tropas do Exército instalações da Petrobrás anunciando a chamada “nacionalização” da exploração do gás e do petróleo no país.
O governo boliviano também adotou medidas como a nacionalização de duas refinarias da Petrobrás no país e o aumento do imposto sobre o gás de 50% para 82%. Quem não quisesse aceitar o que estava a ser imposto deveria se retirar do país no prazo de 180 dias, o que deixou o governo brasileiro em mal estado.
A Bolívia, independente desde 1925 por Simon Bolívar , teve governos que se envolveram em vários conflitos com países vizinhos, e perdeu parte de seu território. Uma porção dele é o Acre - Apesar que pagaram por ele depois...- Em uma batalha travada contra o Chile em 1879, a Bolívia perdeu sua parte costeira, o que mantém, até hoje, uma rixa entre os dois países.
O que teme o presidente Evo Morales, com propriedade, é que estados mais ricos e autônomos não repassem aos menos favorecidos, os das regiões andinas, recursos prometidos por ele para aumentar a distribuição das riquezas nacionais. É como se, de repente, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul decidissem por meio de votos formarem um novo país - Só que no caso da Bolívia, em menores proporções.
Para a votação de hoje estão aptos 930 mil eleitores, só do departamento de Santa Cruz. Como se trata de um referendo não há a obrigatoriedade do voto.Apesar do conflito armado e da possível aprovação da autonomia de Santa Cruz, o presidente Evo Morales diz que não reconhecerá o resultado do referendo caso seja a favor da aprovação da autonomia.