domingo, 25 de maio de 2008

Política: presidente afirma que instabilidade é sinal de vida

Paula Mattäus*

Em discurso na abertura da cúpula que criou, nesta sexta-feira, a Unasul - União das Nações Sul-Americanas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a instabilidade regional é um sinal de vida."A instabilidade que alguns pretendem ver em nosso continente é sinal de vida, especialmente de vida política. Não há democracia sem povo nas ruas, sem confronto de idéias", disse.
O discurso foi para os presidentes do Equador, Colômbia e Venezuela por conta da invasão de militares colombianos em território equatoriano, em março, que resultou na morte do segundo homem mais importante das Farc - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

Relações comprometidas

Na operação, Raúl Reyes, foi morto em um bombardeio a 2 Km da fronteira. Com isso, gerou – se uma enorme tensão. Esse, provavelmente, foi um dos assuntos abordados no encontro.
O presidente Lula também expressou o desejo pela integração na área de defesa visando maior segurança entre os países. "Devemos articular uma visão de defesa na região fundada em valores e princípios comuns, como respeito à soberania, à autodeterminação, à integridade territorial dos Estados e à não-intervenção em assuntos internos", afirmou.
O Brasil propõe a criação de um conselho de defesa tendo, desde já, como negada, a participação do governo colombiano se caso o mesmo realmente for criado. Caso um país queira ter uma ação específica, esse poderá fazer como ação particular, porém, seria necessário haver o consenso dos membros para a adoção da mesma e, de organizações ligadas a Unasul.

Da discussão nasce a luz...

Em reunião a portas fechadas, os presidentes fizeram discursos, Lula, Evo Morales – Bolívia - e Michelle Bachelet - Chile. Todos falaram sobre a necessidade de se avançar de forma efetiva na integração, tanto do ponto de vista político como econômico.
"Para que - a criação da Unasul - tenha um efeito real, precisamos avançar muito. E a capacidade da Unasul de beneficiar os nossos povos vai depender do compromisso e da real vontade dos governos de chegar a posições que nos permitam avançar nesse caminho", disse a líder chilena.
As cinco áreas prioritárias de trabalho para a nova organização são: energia, infra-estrutura, financiamento, políticas sociais e educação. Também em destaque, estão a questão da integração energética e de infra – estrutura.

Ou não

Em meio aos discursos e a assinatura do tratado, acabou a luz do centro de convenções Ulisses Guimarães, onde ocorreu o evento em Brasília.
Fato esse que gerou brincadeiras entre os presidentes e o comentário do ministro das Relações Exteriores do Chile, Alejandro Foxley. "Como o corte de luz mostra precisamos integrar. A região tem excesso de energia, mas não conseguimos integrar", afirmou.
O presidente equatoriano Rafael Correa disse a imprensa que a situação entre o Equador e o governo colombiano é deplorável e, que a tensão entre os países ainda não teve um fim.

* Fonte: BBC