domingo, 18 de maio de 2008

Política: o problema poderá estar nas mãos de militares


Secretário quer propor que soldados passem “férias” na Amazônia

Paula Mattäus

Depois da infeliz reportagem: de quem é a Amazônia, afinal?, do "New York Times", o secretário do Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, disse neste domingo ao desembarcar no aeroporto internacional do Rio que vai propor ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a participação das Forças Armadas na defesa dos parques nacionais e das reservas indígenas e extrativistas da Amazônia.
O secretário deverá recebido amanhã, no Palácio do Planalto, pelo presidente Lula, quando será formalizado o convite para que ele, Minc, assuma o Ministério do Meio Ambiente.
Esse convite se dará mesmo após Carlos Minc admitir não conhecer o Brasil e, considerar que a Polícia Federal, na Amazônia, não faz um bom trabalho. Admite também que considera a região o principal desafio de sua gestão à frente do Ministério do Meio Ambiente, Minc diz também ter a intenção de repetir as medidas adotadas durante sua gestão à frente da Secretaria do Ambiente no Rio de Janeiro.
"Aqui no Rio nós criamos os guardas - parque. Ou seja, diante da insuficiência de fiscais, colocamos destacamentos do Corpo de Bombeiros em nossos parques e áreas de proteção ambiental. Então eu vou propor ao presidente que se crie destacamentos, ou que se aloque alguns regimentos das Forças Armadas para funcionar dentro dos grandes parques nacionais, tomando conta do entorno deles e também das reservas extrativistas, replicando, com as adequações necessárias, o que fizemos aqui no Estado", disse Minc.
A sugestão a ser apresentada terá que ser negociada entre o presidente e as Forças Armadas, "pois este é um papel que não me cabe, mas sim ao presidente, que é o comandante supremo das Forças Armadas. Regimentos podem vir a se integrar na defesa das unidades de conservação, das reservas extrativistas e dos seus entorno",disse o secretário.
Minc afirma que a Amazônia "não vai virar carvão". "A gente vai manter para a Amazônia não só a política que vinha sendo adotada pela ministra Marina Silva, como boa parte de sua equipe, que já se colocou à disposição. Vamos também fazer outras coisas que ela ainda não havia feito e que esperamos ter condições de realizar", disse.
O secretário sabe para quem faz seu discurso: para a comunidade internacional, que ficou apreensiva com a saída da ex – ministra Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente.
A grande aposta a ser feita, é se as Forças Armadas submeterão seus contingentes para irem às zonas de fronteira. Se para a polícia que pouco está lá, é bem difícil, se algum agente dá voz de prisão a alguém e, na maioria das vezes, tem que sair correndo das balas, o que dizer de meninos de dezoito anos, mal saídos do colegial e, que muita das vezes disseram que não gostariam de servir e foram obrigados ? É imprevisível saber o que poderá acontecer. Oficiais de alta patente dificilmente serão convocados a irem para a região amazônica.Se forem, o que farão lá? Cabem a eles responderem.
Em uma hora em que os ânimos estão exaltados e mil interpretações estão sendo feitas, é muito fácil jogar os problemas em cima de alguém. Pode ser uma boa hora já que, recentemente, o presidente Lula concedeu aos militares um aumento de até 170% em seus vencimentos.