quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Política : CPMF - Assassinaram Robin Hood no Senado Federal

Criador acaba com sua criação.

Paula Mattäus

Quarta – feira, 12 de dezembro, turbulência no Senado Federal. O que era para ser uma votação tranqüila e de discursos também, virou um palco de intrigas e bate – boca entre governo e oposição, onde os principais atuantes foram a senadora Kátia Abreu (DEM – TO), o senador Paulo Paim (PT – RS) e, principalmente, o senador Arthur Virgílio (PSDB – AM) que definitivamente foi a voz da oposição.
Os ataques principalmente expostos pelo senador Arthur Virgílio tinham mais caráter pessoal que de oposição à proposta. Por vezes pediu a palavra ao presidente da mesa, Garibaldi Alves (PMDB – RN). Em uma delas, acusou estar sendo boicotado por não ter tido seu discurso ouvido na íntegra, após receber um telefonema do deputado Paulo Renato que lhe fazia tal declaração, pois, alegava estar a assistir a transmissão pela TV Senado.
A resposta veio a altura por parte da situação: “...Peça ao deputado Paulo Renato que aumente, por gentileza, o volume de seu televisor...”. Pelo visto este foi um dos únicos momentos de descontração na casa. O mais importante discurso da noite em meio a tantos outros apelativos e inflamados, foi o da senadora Kátia Abreu (DEM – TO), a parlamentar visivelmente demonstrava não estar de conchavo político com o senador Arthur Virgílio (PSDB – AM), tinha um discurso claro, simples e de entendimento sobre a causa, não levando a questão como pessoal.
Percebendo – se isso, muitos dos outros discursos que se seguiram basearam - se na mesma linha de raciocínio. Quando o quadro parecia já definido, chega ao senado duas propostas e uma carta vindas do Palácio do Planalto. Essa foi a última cartada de Lula.
Às 22:30, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB – RR), pede o direito à palavra, tentando sensibilizar os parlamentares com duas propostas :
Uma delas propunha que se mantivesse a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) por um ano e que esta receita seria utilizada única e exclusivamente para “sanar” os problemas relativos a saúde. A segunda proposta era a de se aprovar a manutenção da CPMF até 2011 sem mais prorrogações.
Ambas não foram aceitas. Era clara e evidente a sisão dentro do próprio PSDB, alguns dos parlamentares queriam votar com o governo, outros estavam claramente ao lado de Virgílio. Os ânimos se exaltaram quando às 00:10 de hoje, o senador Pedro Simon (PMDB – RS) solicitou que a votação fosse adiada para esta tarde, com o intuito de serem melhor analisadas as propostas feitas pelo presidente da República. Isso foi o estopim para que o senador Arthur Virgílio se rebelasse e acusasse a Simom de estar a ser um porta – voz de Luis Inácio Lula da Silva dentro do senado, até porque antes do ocorrido, o peemedebista era contra a aprovação da manutenção do imposto. Bastou se saber quem fez a cabeça de quem e qual deles foi o mais influente. Logo se descobriu: Foram os opositores.
A batalha acabou com 45 votos a favor e 34 votos contra a emenda constitucional que necessitava de 49 votos para ser aprovada. A CPMF que em mais de dez anos arrecadou para os cofres públicos mais de R$ 200 bilhões, passará a não ser mais válida e cobrada a partir de 31 de dezembro. Como irão cobrir um desfalque de R$ 40 bilhões no orçamento de 2008 ? Com certeza, se esta votação foi uma derrota para o presidente Lula, quem sofrerá muito mais por conta dela será o PSDB, partido que criou a CPMF.