domingo, 9 de março de 2008

Política: globalização e as dificuldades na América Latina




Paula Mattäus

Dizem que os anos noventa nasceram sob o signo da globalização. Porém, não é bem assim, se bem observado, o processo de globalização se inicia com as primeiras navegações,(na dinastia de Avis, século XIV d.C.) tendo – se uma ampla consciência de que por volta do século XI d. C., século das cruzadas, que culturas e civilizações foram mantendo e iniciando relações comerciais e, na maioria das vezes, de exploração.Já havia esse termo em prática...
Pensava – se que este processo, que inicialmente surgia como um período de paz mundial e acenava com a melhoria das pessoas do globo, desde cedo mostrou que a nova realidade tinha raízes no passado. A distensão pós – Guerra Fria não trouxe paz para todas as regiões, uma vez que novos conflitos eclodiram em vários pontos do mundo, com destaque para os conflitos nos Bálcãs.
Novos problemas, como o fluxo de imigrantes das zonas pobres para os países industrializados, ou as redes internacionais do crime organizado, incomodaram as autoridades dos novos gestores da ordem globalizada.
Na América Latina, a ordem globalizada trouxe prosperidade para alguns setores e empobrecimento para a maioria. A situação de miséria, aliada à distribuição desigual da terra provocou o aparecimento de movimentos sociais que lutam por transformações estruturais.

Revolta

A estabilidade mexicana foi quebrada no primeiro dia do ano de 1994, (dinheiro valendo como papel de bala...) quando o mundo tomou conhecimento da luta do Exercito Zapatista de Libertação Nacional. (Homenagem ao líder da Revolução Mexicana de 1911, Emiliano Zapata) pela reforma agrária na província de Chiapas, sul do México. Outros movimentos guerrilheiros fizeram – se presentes na América Latina, como a luta do Sendero Luminoso, no Peru, bastante enfraquecido no final da década de 1990, ou a luta das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. (As FARC).
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) surgiram em 1964 como um grupo armado socialista, com a missão de reduzir a desigualdade social no país sul – americano, sobrevivendo do bilionário comércio de cocaína para angariar receitas nas últimas duas décadas. Além do narcotráfico, a organização obtém recursos por meio de seqüestros, pedágios e extorsão de moradores. No dia primeiro de março desse ano,(2008), as FARC sofreram um dos maiores golpes desde sua fundação. Raúl Reyes, que estava na guerrilha, foi morto em um bombardeio colombiano no Equador, a 2 Km da fronteira. A presença de rebeldes se intensifica na região sul da Colômbia. As FARC são consideradas uma organização terrorista pelos Estados Unidos e pela União Européia, mas não pelos demais governos sul – americanos. Isso se deve ao fato de que, depois de refinada, a coca seja artigo muito consumido nos mercados europeu e norte – americano principalmente. Esses mercados então, acabam por serem os principais financiadores da guerrilha.

Interesses

O que realmente deseja o presidente do Equador, Rafael Correa, é “envolver” o governo brasileiro numa questão que, em partes, não lhe compete resolver, porém, o Brasil não é um país protegido em totalidade, em suas fronteiras, pela Polícia Federal. Esse é um problema imenso para o governo. Não é por falta de contingente, por salários não atraentes, por falta de treinamento, nem mesmo pela falta de concursos. Quem é aprovado nesse tipo de seleção prefere receber obviamente uma boa remuneração. Em contrapartida não quer ir para as divisas. Preferem ficar nos grandes centros a fazerem trabalhos administrativos, ou não, que irem com suas famílias para o meio da selva e o pior: sem a certeza de voltarem de lá vivos. Em meio à mata, lugar de incerteza; uma terra sem leis. Eles têm consciência disso.
Que o presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva não queira, ou não interfira de jeito algum entre os assuntos de Rafael Correa e o presidente colombiano Álvaro Uribe, pois é justamente esse o anseio da política norte – americana.

Só para lembrar:

Podem ser classificados os episódios do seqüestro de um embaixador em Brasília – (DF) no final da década de 1960, na época da ditadura, por estudantes da Universidade de Brasília (UNB) e o ataque com bombas à Casa Thomas Jefferson – (CTJ) da 906/907 Sul, também em Brasília, como atos terroristas ?
Não. Os militares invadiram a Universidade de Brasília, humilharam, barbarizaram, torturaram professores e estudantes, alguns até a morte. Com alguns que tinham alguma importância para eles, no caso, se fossem líderes de grêmios, coisas do tipo, os militares davam um jeito de “sumirem” com quem lhes fossem subversivos.
O porquê do seqüestro ? Os estudantes, revoltados, o fizeram para darem o diplomata como a troca por seus companheiros, seus amigos vivos e livres pelo DOI – CODI.
A bomba na Casa Thomas Jefferson foi uma forma de protesto contra o imperialismo, a opressão e a imposição de uma política grotesca, neoliberalista e ditatorial voltada única e exclusivamente aos interesses dos Estados Unidos da América.
José Dirceu é ou foi um terrorista ? José Genoíno também é ou foi um ?
Estenda esse raciocínio às FARC. Mesmo que a globalização imposta em um mundo a saber, monopolar, não queira permitir que isso deva ser dito e, ou visto.
Ao fazer algumas fotos a observação é deveras muito importante. Muita das vezes o interessante em algo ou alguém a ser fotografado não é nem mesmo o objeto ou a pessoa em si. O(a) veja por vários ângulos. Lhe dê várias perspectivas... Logo se poderá encontrar uma boa luz. Talvez várias...
Cabe a quem fotografa não se anular por conta de um único foco.