segunda-feira, 2 de junho de 2008

Política: herança de erros

Tiradentes: a raiz dos problemas do Distrito Federal

Paula Mattäus

Benedita Chaves Roriz é a primeira eleitora do Brasil e, se não bastasse o fato de ser parente de um menino mimado, que nada tinha de reacionário político, haja vista que José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, era dentista e, por birra, decidiu morrer enforcado, pôde ter pensado que não entraria para a história do país por conta de sua profissão, então, decidiu morrer, também tem laços com outro déspota, agora ex – filiado do PMDB, o do governo das grandes transformações.
A filha de Florentino de Alcantara Chaves e de dona Antônia Henriqueta Roriz, mãe de quatro filhos, é sobrinha tataraneta de Tiradentes – o Inconfidente. Benedita Chaves Vila Real, aos 15 anos de idade, ao ouvir o pai conversar sobre o que seria um título de eleitor, viu nascer em sí a convicção de que as mulheres também deveriam ter o direito a possuir um. A descoberta do desejo, ao decorrer do tempo, tornou – se um objetivo a ser alcançado.
Com a ajuda de Americano do Brasil e de Joaquim Câmara Filho, dona Benedita alcançou sua meta, em 1927, embora a Constituição vigente negasse às mulheres o direito de votar. Nascida em 16 de maio de 1905, em um vilarejo de nome Santa Luzia, no interior do estado de Goiás, hoje chamada a cidade de Luziânia, o “berço dos Roriz”, esta senhora é o elo entre o movimento do heroísmo sem causa e o criador das causas perdidas no Distrito Federal.

Comigo ninguém pode

Pesquisas que não levam a forca e podem estar ou não maquiadas, destacam que o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, tem a aprovação de 74% da população do estado, o que poderia trazer à realidade um fato incomum para Brasília, uma possível aliança entre o PMDB e o PT. Não é de hoje que vermelhos e azuis são inimigos declarados, uma possível coligação deixariam alguns roxeados.
Joaquim, agora o Roriz, almeja estar outra vez no poder e, se possível, já nas próximas eleições. Apesar de seu candidato a vice, Tadeu Filipelli (PMDB – DF) estar a se comportar como Magela, fazendo discursos e propaganda criticando a atuação de Arruda frente ao governo, para o presidente regional do PT, Chico Vigilante, “Uma coisa é a aliança entre PMDB e PT. Outra é uma aliança com Roriz”, disse.
Ele mesmo não pode atacar o governo e seus representantes porque vários de seus ex - secretários fazem parte da atual administração, inclusive uma de suas filhas, a deputada distrital Jacqueline Roriz (PSDB), que integra a base do governo. Insatisfeito com os modos de Filippelli, Roriz, por uma avaliação, jamais vai se aliar ao PT, mas pode crescer com os ataques a Arruda.
Se concorrer as eleições de 2010, Joaquim Domingos Roriz tem reais chances de ganhar, se por um lado servidores da educação não lhes é simpatizantes, para os militares, a candidatura de Arruda e, possivelmente, a de Paulo Octávio ao Palácio do Buriti, ou ao Buritinga, não lhes são vistas com bons olhos. Já para a maioria assistida por programas sociais, a expressiva atenção ao que Brasília recebeu de “melhor” da ditadura e, do governo Sarney é incontestável. A herança de bens e, principalmente dos lotes negados pelo atual governo aos que esperavam o pão e circo do senhor da pomba azul, azul – Roriz, revelam as raízes dos problemas da sociedade, não só da brasiliense, mas de toda a sociedade brasileira.
A repetição de erros comuns fazem dos grandes, ou não, nomes da história personagens de um círculo vicioso em que o poder e o ostracismo fazem parte de uma constante. A verdade é que todos eles, na forca ou não, fazem de tudo para aparecerem, com a certeza única de não serem meros espectadores. A real situação daqueles que permitem que os problemas da história continuem.