domingo, 8 de junho de 2008

Política: oposição pretende descartar candidatura de Dilma



Paula Mattäus

Depois do fim da CPI dos cartões coorporativos, reportagem da Folha de São Paulo deste domingo afirma que parlamentares da oposição vão tentar aprovar a convocação da ministra – chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff ,nas Comissões de Infra-Estrutura e Constituição e Justiça do Senado para depor sobre denúncias de que interferiu na venda da Varig em favor a um compadre do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Já está decidido: o que se deseja é derrubar a ministra Dilma e forçar o presidente Lula a negociar com a oposição a aprovação de sua re – reeleição a todo custo, o que traria vantagens aos seus opositores.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (PSDB - AM), disse querer nos próximos dias, reapresentar o requerimento de convocação na CCJ para que a ministra possa dar maiores explicações e ficar frente a frente com ele. "Eu tenho uma convocação da ministra para ser votada na Comissão de Constituição e Justiça para falar sobre o dossiê (com gastos dos cartões corporativos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) e ela já está envolvida num outro negócio. Eu aconselharia a ministra a dar um paradinha, a dar uma rezadinha, ir a uma igreja, jogar sal grosso no corpo, eu aconselharia a ministra a meditar sobre o que anda fazendo, sobre as atitudes que toma", afirmou.
Na casa dos santos, onde mora a oposição, a denúncia de que Dilma praticou tráfico de influência para garantir a venda da Varig a um fundo norte-americano é "muito grave para alguém que tem muitas responsabilidades". Virgílio disse, porém, ser contrário à instalação de CPI para investigar as denúncias contra Dilma.
"O problema é que este ano teremos convenções partidárias, eleições. Temos condições de nós aqui no Senado arcar com as responsabilidades de uma CPI em pleno ano eleitoral? Temos a possibilidade da ida de certas pessoas à Comissão de Infra-Estrutura. Se isto não bastar, temos que pensar numa atitude mais dura", afirmou.
Pode até ser, porém não se pode deixar de pensar em que uma outra CPI poderia trazer a tona mais acusações, e que nelas poderiam estar inclusos personagens até então desconhecidos e fora do script.
Apesar de que a oposição não cogite a hipótese da criação de uma nova CPI, não há dúvidas do quanto farão, assim como a José Dirceu, ficar difícil para se respirar dentro do ambiente da Casa Civil, a menos que temam uma exposição de conteúdos menos técnicos e mais apelativos com os gastos da gestão do PSDB.
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) disse que Dilma precisa esclarecer as denúncias no Senado para "preservar a sua autoridade, imagem e autonomia" como ministra-chefe do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
"O que precisamos é de apuração, até porque há uma necessidade do próprio presidente Lula de preservar a sua ministra, a quem ele escolheu para ser, como ele próprio chama, a mãe do PAC e que tem sobre a sua mesa e sob a sua responsabilidade o destino de bilhões de reais desse programa", disse o democrata.

À sotavento

Denise Abreu afirma que a ministra a desestimulou a pedir documentos que comprovassem a capacidade financeira de três sócios brasileiros (Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel) para comprar a Varig, uma vez que a lei proíbe estrangeiros de possuir mais de 20% do capital das companhias aéreas.
Segundo a ex-diretora da Anac, a venda da VarigLog e da Varig ao fundo norte-americano Matlin Patterson e aos três sócios brasileiros teve a interferência da ministra para que fosse executada. Abreu, que se diz vítima de uma armação, afirmou ainda que a filha e o genro do advogado Roberto Teixeira - amigo do presidente Lula e cujo escritório era representante dos compradores à época - usaram sua influência para pressioná-la.