domingo, 15 de junho de 2008

Política: luta contra a corrupção




Real Feitoria do Linho Cânhamo luta para manter tradição


Paula Mattäus


Fala – se tanto da questão separatista do Rio Grande do Sul, porém, o estado não foi o precursor disso. Levando – se em conta que a Confederação do Equador ocorreu em 1824, a Guerra dos Farrapos só se iniciou em 1835, ou seja, 11 anos após o movimento nordestino, então porque ficar relembrando só a história sul – riograndense? Por conta da chamada tradição. O Rio Grande do Sul não está nem perto de Brasília. Dizem, e acredito, que a fé remove montanhas. Só espero que o Rio Grande não saia de lá, porém está saindo e, infelizmente, muito mal no cenário político nacional.
O Rio Grande do Sul leva política a sério, os estudantes são politizados, os protestos são válidos. A maior bancada do Congresso, em termos de naturalidade, é gaúcha, em segundo lugar, a mineira. Só para lembrar, quem “acabou” com a política do Café com Leite, foi um gaúcho, apesar de que Café assumiu e depois voltou o gaúcho, mas essa é outra história. Seria extremamente válida a declaração da governadora Yeda, se ela demitisse o vice – governador e, depois renunciasse ao mandato, o que seria uma nova experiência, não só para a política gaúcha como também, para a política brasileira.
A Confederação do Equador só ganhou este nome devido a sua proximidade geográfica com a Linha do Equador e, nada mais foi que um movimento de caráter separatista que teve início com a ação de lideranças e populares pernambucanos. Eles só queriam entrar no meio da “festa” para melhor passarem. Não satisfeitos com isso conseguiram convites para outros estados do nordeste: Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba também se juntaram ao movimento. Os revoltosos buscaram criar uma constituição de caráter republicano e liberal, queriam a abolição da escravatura e a criação de um outro país dentro do Brasil.
Existem vários “países” dentro da nossa nação. Uma coisa que tem que ser lembrada é que a corrupção não é um problema estadual, muito menos regional. Infelizmente, ela está a contaminar, se não todos, a maioria dos governos. Isso não é um “privilégio” único e exclusivo do Rio Grande.
Espera – se, com bom senso, que um país que deseja se separar de outro tenha condições mínimas para gerir sua própria administração. Ao rever a história sobre a Confederação do Equador, me lembrei da ex – República Tcheco – Eslovaca. Seria sensato pensar que o lado rico desejasse se separar do pobre, pois esse diminuiria as riquezas da nação, o que me fez lembrar também os “ Osies” e os “Wesies” da Alemanha, com aumento da taxa de desemprego e a baixa na economia, após a queda do muro de Berlim, certo? Errado.
Pelo incrível que pareça, a República Tcheca se separou da Eslováquia, porque o país pobre estava a temer que o outro, rico, deixasse o lado pobre cada vez mais pobre... Vê se pode! Na versão brasileira, se encararmos a “revolta de boteco” do Frei do Amor Divino Caneca, um movimento igual, ou mesmo parecido ao da República Tcheca, estaríamos a pecar e gravemente. O movimento do Frei aconteceu em uma época em que o nordeste do Brasil concentrava a riqueza do país, o que hoje, vem a acontecer com o centro – sul, sendo assim, infundadas as idéias de que os sulistas, principalmente os gaudérios, carreguem uma cartilha com o dito e suposto “ Destino Manifesto” tupiniquim.
A Real Feitoria do Linho Cânhamo era o nome que o Rio Grande do Sul tinha, antes dos açorianos ocuparem o estado. Ela era assim, uma província pobre, como as que existem no nordeste. Ninguém queria se envolver politicamente e economicamente com ela. Ainda tem gente que acha não existir afro – descendentes lá. Isso é uma pilhéria, porque não existiria? Acham que os sulistas carregam preconceito em suas veias. Esse mesmo mito se segue quando se fala de corrupção. Sim, existe também. Entretanto, sabe qual é a diferença entre a província sul – riograndense das demais existentes no país? É que lá se luta para que as coisas ruins não passem de mitos. Essa é a tradição.